Os meus livros e os meus autores
Alguns dos livros que considero mais interessantes dos que li são:
Cem Anos de Solidão
... é uma obra do escritor colombiano Gabriel García Márquez, Prémio Nobel da Literatura em 1982, e é actualmente considerada uma das obras mais importantes da literatura Latino-Americana. Esta obra tem a peculiaridade de ser umas das mais lidas e traduzidas de todo o mundo. Durante o IV Congresso Internacional da Língua Espanhola, realizado em Cartagena, na Colômbia, em Março de 2007, Cem anos de solidão foi considerada a segunda obra mais importante de toda a literatura hispânica, ficando apenas atrás de Dom Quixote de la Mancha. Utilizando o estilo conhecido como realismo fantástico, Cem Anos de Solidão cativou milhões de leitores e ainda atrai milhares de fãs à literatura constante de Gabriel García Márquez.

Memória de minhas putas tristes
... é um conto que quase virou romance. Coisa para três horas de leitura concentrada e refresco literário para a mente.
pouco neste livro está no mesmo nível da grande obra do autor, ” Cem anos de Solidão”, mas é de facto uma obra de imaginação e de fácil e boa de ler. É bom de ler... é descontraído. Conta a história de um velho jornalista que escolhe comemorar seus 90 anos com ma noite de "amor" com uma adolescente virgem. A história desenrola-se nos caminhos, inclusive em direção ao próprio passado, que a vida desse homem percorre enquanto procura realizar esse desejo. O romance mostra como um idoso teve sua vida tomada pelo medo do amor, e aos 90 anos descobre o verdadeiro prazer da vida.A história é envolvente. Memória de Minhas Putas Tristes (Memoria de mis putas tristes) foi escrito em 2004 por Gabriel García Márquez e publicado em outubro do mesmo ano nos países de língua espanhola. Confesso que a inicio o titulo da obra me inquietou, embora, na realidade, não se mostre em nada aquilo que à partida parece ou mostra ser. O livro captou a minha atenção e interesse pela simplicidade e franqueza com que aborda os temas, e pela simplicidade, apenas aparente, da linguagem usada. O título já de si bastante directo e com linguagem comum, "bregeira", mostra o quão chegado e próximo é de cada um, ou não.
As intermitências da Morte
As Intermitências da Morte é um livro do escritor português José Saramago publicado em 2005. A frase inicial "No dia seguinte ninguém morreu" e é ponto de partida para ampla divagação sobre a vida, a morte, o amor e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência. Fiel ao seu estilo e ainda mais sarcástico e irónico, Saramago vai além de reflexões existenciais, fazendo uma dura crítica a sociedade moderna (o país da obra é fictício) ao relatar as reacções da Igreja, do Governo, do Clero, dos repórteres, dos filósofos, dos economistas, das funerárias, casas de pensão, hospitais, seguradoras, das famílias com um moribundo em casa, da máfia, etc.
Aqui as linhas naturais são quebradas, a estranheza é criada para metamorfosear-se depois em valor patriótico: num pequeno país com cerca de dez milhões de habitantes e governado por uma monarquia parlamentar, na passagem, na ponte, de um ano para o outro mais novo, no ponteiro que marca a meia-noite, deixam as pessoas o hábito milenar da morte, imposto desde os tempos do estado natural – o que quer que por isso se entenda –, anterior à própria humanidade. Além fronteiras, morre-se como usualmente. No entanto, o que parecia a concretização do sonho mais antigo do ser humano, a eternidade, cedo se torna num pesadelo. As pessoas não morrem, mas não vivem: ocupam-se num estado de latência desesperante, na agonia de estarem para sempre seguras num fino fio.
José Saramago apresenta-nos a morte. Dá-nos o seu gosto, palato, o perfume. Decidimos, ambiguamente, que, bem vistas as coisas, a morte é uma entidade a acarinhar e respeitar. E é para isso que o escritor se serve desta primeira fase do romance As Intermitências da Morte.

Ensaio sobre a Ceguerira
"Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso." José Saramago
É sem dúvida, o melhor, o mais extraordinário livro que já li... depois de começar não se consegue parar de ler, vive-se uma aflição tremenda e um medo inacreditável ao percorrer equalas páginas. É um livro que nos faz ver e, muito mais do que isso, nos faz temer a própria humanidade frente a uma situação de caos. A partir de uma súbita e inexplicável epidemia de cegueira, Saramago guia-nos para a desorganização e a superação dos valores mais básicos da sociedade, transformando os personagens em animais egoístas na sua luta pela sobrevivência. O livro já começa duro e assustador. No segundo parágrafo deparamo-nos com o grito de um personagem: "Estou cego". E a maneira como Saramago escreve, com poucos pontos, muitas vírgulas e discurso corrente, faz com que os acontecimentos passem pela mente do leitor com uma velocidade incrível: vão-se cegando vários personagens sem que possamos dar uma pausa para respirar. E quando finalmente resolvemos parar, percebemos que o autor não deu nome à cidade, não datou os acontecimentos e manteve os personagens anónimos, conhecidos apenas como "a mulher do médico", "o homem da venda preta", "a rapariga dos óculos escuros" ... Deixando este relato tão aberto à imaginação do leitor, é impossível não temermos uma verdadeira epidemia, imaginarmos como agiriam as autoridades em uma situação como a que é descrita, como o medo faria vir à tona os instintos mais escondidos dos homens.No entanto, entre tantos cegos presos em um manicômio por ordem governamental, existe uma mulher que ainda consegue ver, é a esposa do médico, que faz lembrar outra personagem de Saramago: Blimunda, de Memorial do Convento, que tinha a capacidade de ver o interior das pessoas, mas nem por isso se sentia afortunada, pois por vezes tinha que ver aquilo que não queria. Da mesma maneira, a mulher do médico sendo a única que pode ver as belas e horrorosas imagens descritas pelo autor, seja o lindo banho de chuva das mulheres na varanda ou o caos e distruição, onde reinavam cadáveres. Ela não sabe se é abençoada ou amaldiçoada. Regras são quebradas, dado que ninguém mais vê quem está a errar; os mais fortes abusam do poder; e o instinto de sobrevivência vai tomando conta dos homens.
No final da leitura estamos cansados e assustados com a dúvida que o autor nos coloca indiretamente: É assim que os homens verdadeiramente são? É preciso cegarem-se todos para que se ver a essência de cada um?

Ler Saramago

José Saramago é, indiscutivelmente, um dos principais autores portugueses contemporâneos e um expoente máximo da literatura portuguesa, levando a nossa cultura além-fronteiras. Independentemente do Nobel que ganhou, a verdade é que a sua escrita destaca-se pela sua fluidez que em nada é prejudicada pela ausência de pontuação. De facto, os tão famosos e polémicos parágrafos de uma página sem um único ponto final são, na verdade, reveladores da excelência da escrita de Saramago pois poucos conseguem manter uma coerência e um fio condutor durante tanto tempo. Na verdade, ler Saramago não é fácil, uma vez que o autor exige do seu leitor a mesma dedicação e atenção com que ele escreve os seus livros. De facto, somos levados pela mão por este grande autor que nos leva a experiências únicas e reveladoras da forma que levava a vida sendo que, ao mínimo resvalo, somos abandonados dentro da própria história e será com grande dificuldade que nos voltaremos a encontrar.
Com a leitura de As Intermitência da Morte, e O Ensaio sobre a Cegueira, é fácil adivinhar a negritude e a esperança nula que se avizinha. De facto, sentimos a desilusão perante a condição humana, a ideia de homem como animal quando tem que lutar pela sua sobrevivência, no caso so primeiro livro, quando tem de lutar pela sua morte. Assim, penso que é explícita a ironia presente nestas histórias, a destruição dos sonhos do comum mortal de querer ser eterno, e o fomentar da ideia de morte como um fim natural e essencial para a continuidade da espécie humana, e a luta pela subrevivencia esquecendo todos os valores de civilização.
